quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

FM 297 - Quase Ninguém Lê

O

exercício da leitura, em especial de bons autores, deveria ser mais incentivado nos lares e nas escolas. As bibliotecas andam vazias. Tudo virou Internet, com suas traições e com seus vírus. Comprar livros, ou mesmo revistas e jornais, está num patamar bem abaixo do comprar CDs, DVDs, jogos do Playstation. Parece que o exercício de ler virou coisa do passado. Estudantes só leem livros propostos nos vestibulares da vida.

Eu, que escrevo regularmente, posso bem testemunhar, o abandono cultural ao qual foram relegadas as gerações mais jovens. Leem e nada entendem do que leram. São verdadeiros analfabetos funcionais de vocabulário reduzidíssimo que, ao invés de recorrerem ao “pai dos burros” (expressão antiga que classificava os dicionários), preferem reclamar do escritor por não haverem compreendido o texto e sua mensagem. Comodistas que adoram os pratos prontos e as comidas a quilo.

Quem deve se esforçar para se fazer entender são os escritores de notícias, os jornalistas. Quanto àqueles que escrevem por diletantismo (qualidade de quem exerce uma arte por gosto e não por ofício ou obrigação), despreocupados com os ibopes da vida, reserva-se o direito de dizerem das coisas ao seu modo, lançando mão das sutilezas (delicadezas, finuras) do nosso idioma pátrio.

Tais reflexões me acorrem agora, enquanto sossegado no meu recanto de escrever, vejo meu charuto desfazendo-se e, como uma ampulheta (instrumento constituído de dois vasos cônicos de vidro, que se comunicam nos vértices por um pequeno orifício, e destinado a medir o tempo pela passagem de certa parte de areia do vaso superior para o vaso inferior), contar o tempo escorrendo. Por tal motivo de uns tempos para cá, para não deformar meu estilo, passei a colocar após o emprego de palavras pouco usuais, uma breve explicação dos seus significados. Que me perdoem, portanto, os leitores com bom domínio vocabular.

Sei que, assim como aprecio charutos, tal cuidado poderá parecer anacrônico (contrário aos usos da época) ou pedante (vaidoso, pretensioso). Mas não é. Trata-se da singela (simples, sincera) conclusão que, hoje em dia, quase ninguém lê.

11 comentários:

Anônimo disse...

Enviada em: quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Prezado Hugo,

Já lá se vão vários anos que não nos vemos e somente quando recebo suas escritas , sempre muito bem elaboradas, percebo que ainda existimos pelo menos como escritor e como leitor um para o outro. Concordo plenamente com você que é díficil hoje encontar um jovem, ou mesmo um maduro, que se se deleite com a leitura de um bom livro ou de uma boa crônica e o que se vê de fato é uma torrente de telas e imagens de internet, googles e assemelhados, quase sempre com conteúdos fúteis e sem graça. Tenho percebido isso no meu dia a dia , ou melhor na minha noite a noite , desde que voltei aos bancos da faculdade há 3 anos e hoje me flagro perguntando o que faço estudando Direito à noite depois de 40 anos de formado em engenharia quimica, completados no final do ano passado. Por isso é bom lê coisas interessantes e bem construidas como essas que você manda de quando em quando.

Receba um abraço de Roberto Maron.

Anônimo disse...

Enviada em: quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Oi, Hugo. Boa tarde.

Excelente crônica. Expressa exatamente (desculpe a aliteração!) o que, infelizmente, vejo e sinto.
Graças aos meus pais, que sempre mantiveram em casa uma biblioteca com centenas de livros e me incentivaram com o exemplo pessoal, adquiri o prazeroso hábito da leitura.
Fico triste ao constatar que a geração mais nova, com a internet, foi capaz de transformar a comodidade em preguiça (principalmente mental)
Grande abraço,

Weber Batista

Anônimo disse...

Enviada em: quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Amigo Hugo,

Estava sentindo falta de suas crônicas, principalmente as de cunho politico, são sutis e inteligentes. Particularmente estou sentido falta do seu entusiasmo aqui na região,
Dê noticias.

Abraços,

Adriano José

Anônimo disse...

Enviada em: quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Sou grato a Deus em saber que em São Gonçalo existe Literatura viva,e que a ação do homem não foi e não será capaz de derrubar ou desfaze-la.Obrigado senhor Hugo por ser sempre a história viva e atual da nossa cidade,pelas crônicas e por tudo mais que me melhora como filho,cidadão e pessoa.

Edson Moreira

Anônimo disse...

Enviada em: quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Caro mano Hugo,
Achei interessante essa sua postura de escrever textos esclarecendo sobre alguns vocábulos.
Definitivamente, a língua nunca foi tão violentada e esquecida.
Vejo pelos meus filhos e, em especial, pelo mais novo, que o mundo deles é das imagens.
Tudo rápido, instantâneo.
Talvez uma nova forma de linguagem e poesia.
Sinais dos tempos, meu caro...
Eu fico com as queridas crônicas e antigos livros que, como os charutos, ficam melhores uns após os outros.
Ainda bem que temos Hugos aqui e alhures, sempre prontos e devotados a deliciosos textos que nos confortam no dia a dia.
abraço fraterno

Luís Thomé

Anônimo disse...

Enviada em: terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Prezado Hugo!

Que bom voltar a ler teus artigos.

Um abraço

Clovis Paniz

Anônimo disse...

Enviada em: terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Quase mesmo, pq eu estou lendo seus artigos, crônicas...acho muito divertido sempre a entrada de seu charuto nas reflexões, criou uma marca, uma personalidade na escrita, para quem te conhece é mesmo o seu estilo.

Um abraço,

Lívia Castro

Anônimo disse...

Enviada em: terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Palmas para você, Hugo.
E não lê mesmo!
Tem razão.
Um grande abraço

Sandra Fayad

Anônimo disse...

Enviada em: quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Caro, Hugo,
Estou lhe escrevendo de Fortaleza (CE). Sou daqui, mas uns bons oito anos morei aí pertinho de você, em Feira de Santana, até abril/08. Andei muito aí em São Gonçalo; talvez até tenha tido a oportunidade de, quem sabe, ter "topado" com você em algum dos bares da agradabilíssima São Gonçalo ou mesmo nos restaurantes de Feira...
Resolvi te mandar este email por razões singelas: primeiramente, gostei deveras do seu estilo e do tema abordado. A segunda razão é, com a mesma sinceridade com que falei do que gostei, dizer que não gostei da sua idéia de escrever o significado de grande parte dos termos empregados , embora reconheça nobre a sua intençao/explicação para tal proceder, qual seja o fato de que a maioria das pessoas não entendem tais palavras por serem o que eu chamo de semi-alfabetizadas (a exemplo de um certo Presidente...) e não gostarem de ler (repita-se o exemplo...). Ora amigo, essas pessoas que não cultivam o habito da leitura não vão se iniciar nesse tão saudável e prazeroso habito justamente lendo seus - saborosos, diga-se - artigos e o vontadoso (no momento percebo apenas isso), mas ainda "pobre", FSOnline.
Posto isso, digo-lhe: torne seus artigos mais agradáveis a quem realmente os lê, abolindo deles seu lado "Aurelio"! Fica bem chatinho lermos pulando trechos e retomando mais adiante, já que mais chato ainda é ler explicações e significados para palavras triviais, comuns, corriqueiras, banais, ordinárias, vulgares, notórias, correntes, conhecidas, sabidas, usuais, regulares, frequentes, manjadas, surradas, costumeiras, singelas... Vou parar por aqui, ja que isso foi só pra fazê-lo sentir como é chato ler repetiçoes do que se sabe e se conhece, ou seja, mais-do-mesmo...
Um forte abraço e BOA SORTE!

Marcos Paulo Rolim

Anônimo disse...

Enviada em: terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Meu Caro CARVALHO!

Quero parabenizá-lo por esta tua execelente " FUMAÇAS MÁGICAS", que retrata uma realidade dos tempos em que impera os internautas, pois , realmente, poucos leem , nos dias de hoje. Este texto é bastante interessante, tanto é que me permitirei repassá-lo aos meus contatos.
Um grande abraço.
Valdir

Anônimo disse...

Enviada em: quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Caro Hugo,

Com um pouco mais de tempo de olhar os meus e-mails, hoje, quarta-feira de cinzas e com viagens "desprogramadas" propositalmente, para esta semana, entrei no site "charutos" ( pois os fumo, diariamente, a mais de 22 anos) e tive a GRATA surpresa de ler uma crônica "interessantíssima" sobre o hábito atual que as pessoas não tem de ler e vi que o autor era você, Hugo Carvalho, pessoa que conheci a mais de 20 anos atrás e que deixou boas recordações, tanto a mim quanto a Claudia, minha esposa. Ainda recentemente, fumando um charuto em uma tabacaria e Cachaçaria que criei lá no complexo de Sauípe, apenas para ter um espaço decente onde eu pudesse fumar meus charutos a sós ou com alguns amigos que convido, quando estou em Salvador, falei sobre você, outra vez, com o gerente da tabacaria!
Que coincidência boa, para mim, hoje, ver o seu nome e um e-mail que pudesse contatar!
Um forte abraço e parabéns pelos outros textos, que não pude deixar de ler ( não todos, hoje, naturalmente!) quando vi que eram seus.

Abraço forte do um velho amigo!

Maurizzio Mattos