terça-feira, 8 de setembro de 2009

FM 311- Palha, Fumo & Seda

Os mais velhos por certo ainda se lembram dos cigarros de palha, também conhecidos como palheiros que assim eram chamados nas bandas gaúchas onde me fiz gente. Da mesma forma, também devem ter conhecido os cigarros feitos à mão, combinando fumo e papel. Estou falando dos anos 50 do século que já se foi. Eram formas de fumar que exigiam extrema paciência e habilidade.

Meu pai fumava palheiros, palha de milho envolvendo fumos desfiados, comprados em pacotes de alguns gramas. Destes fumos havia vários tipos e marcas disponíveis no mercado. Lembro-me que a palha era vendida em pequenos maços, com coisa ao redor de 30 unidades.

Como eu, hoje, fico apalpando meus charutos à procura do que se me pareça o melhor, mas ao final acabo fumando todos, da mesma forma, meu pai percorria as palhas à cata daquela que se lhe afigurasse a mais delicada. Não satisfeito, premia a palha escolhida com um canivete, apoiando-a e escorregando-a de encontro ao polegar esquerdo, para mais alisá-la e amaciá-la.

Meu avô fumava cigarros feitos à mão. Com auxílio de uma lâmina desfiava o fumo em corda, esfregava o tabaco recortado entre as mãos quase o esfarelando, envolvendo-o a seguir com papel de seda. Recordo-me dos maços deste papel. Acho que continham 50 folhas. A marca era Colomy impressa em vermelho sobre um fundo na cor amarela.

Depois de quase feito o cigarro, antes de concluir o envoltório, delicadamente, levava à boca a última parte do papel umedecendo-a com a língua, para concluir a operação de fechamento. Feito isto, apalpava-o uniformizando seu diâmetro.

Um e outro dosavam a quantidade de fumo, de acordo com suas preferências momentâneas. Um e outro de tais fumares eram apagões. Com extrema facilidade apagavam, sempre exigindo uma quantidade apreciável de fósforos para reacendê-los.

Meu pai e meu avô, nunca foram patrulhados por suas respectivas preferências. O primeiro, nos anos 60, trocou os palheiros pelos cigarros tradicionais. O segundo deixou de fumar quando andava pela casa dos quarenta e poucos anos.

Tudo sumiu. É verdade - por incrível que pareça - ainda haver palheiros, produzidos nas Minas Gerais, que vêm prontos para o uso. Nada a ver com os traços do passado.

Tudo sumiu é exagero. O papel de seda continua firme e forte. Quem duvidar disto que pergunte às tabacarias e casas especializadas. Nunca se vendeu tanto papel de seda, quanto agora.

Para quê? Para fazer baseados de maconha.

Novos tempos!