O que é moda não incomoda. Estes vestidos drapejados, curtos, justos, ousados, que exigem seios fartos, quadris largos, sandálias altas e pernas grossas – moda atual – revelam o conceito dominante quanto à forma de se expor a beleza feminina e atestam, queiramos ou não, a exposição da mulher-mercadoria. E elas, as mulheres, submissas históricas aos ditames e modismos impostos pela SMG, siliconam seios, encurtam os vestidos, comprimem a cintura para aumentar as ancas, malham para engrossar as pernas, calçam sandálias sempre mais altas, quase plataformas de lançamento de mulher ao espaço. Em fantástica concorrência, disputam olhares e desejos, fustigam o imaginário popular masculino e feminino, provocando as mesmas ânsias que causavam simples joelhos expostos no banco de um bonde, sessenta ou mais anos passados.
É um frêmito, é pau; é um pulsar, é pedra. Será o fim do caminho?
Francamente acho que não. As mulheres estão sendo sempre reinventadas. Partindo da nudez paradisíaca encoberta pela folha de parreira, em direção à ocultação corporal medieval (que ainda subsiste na cultura islâmica), ocultações tais impostas pela SMI, indo depois à nudez explícita e, agora, revestidas de outra forma, a vida continuará.
Assim como acontece com meus charutos. Endeusados no passado, quando freqüentavam bocas famosas e outras nem tanto, que agora são discriminados e quase execrados, dia chegará quando voltarão a ser invejados.
É a roda da vida. Nada é o fim do caminho.
Ah! Falei em SMG e SMI. Traduzo: Santa Mídia Global e Santa Madre Igreja.
domingo, 25 de novembro de 2012
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3 comentários:
Esta cronica só peca por tardia! Já tinha saudades de dar umas baforadas nestas letras tão bem articuladas!
Um grande abraço
Michel (Portugal)
Michel1975barcelos@gmail.com
Que saudade das suas saudáveis crônicas. Acenderei um Ramon Allones Gigantes. Vida longa ao FUMAÇAS MÁGICAS.
Hugo, velho amigo, que bom te-lo de volta a nos fazer viajar em suas palavras. Há alguns dias, durante minhas baforadas noturnas, me pego imaginando tais modismos. Forte abraço. Aguardamos a proxima.
Marcelo Aguiar Gomes
marcelo.gomes@uol.com.br
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