segunda-feira, 10 de agosto de 2009

FM 308 - Efeito Estufa

Minha querida São Gonçalo dos Campos da Bahia vem de ingressar em tempos da modernidade. No local onde funcionou um dos nossos muitos armazéns de beneficiamento de fumos, foi inaugurado um mini-shopping dotado das conveniências e comodidades que integram o cenário do mundo globalizado.

Gente de coragem! Tanto o investidor, filho da terra, meu amigo Fernando Mascarenhas, quanto os comerciantes que prestigiaram a iniciativa, estabelecendo lojas de moda, butiques, calçados, lan-house, caixa eletrônico, auto-escola, coisas afins. E, como não poderia deixar de ser, um agradável bar e restaurante. Pelo mobiliário, pela bebida honesta, pela saborosa comida e pela gentileza do pessoal.

De quebra, com uma significativa vantagem sobre os bares do calçadão da cidade, onde rabisquei sei lá tantas crônicas passadas, enquanto fumava um charuto.

No novo ponto etílico não há como estacionarem veículos com seus estridentes alto-falantes, atanazando a vida de qualquer cristão. O som, quando não ao vivo, vem de uma destas TVs planas coladas à parede, que estão em todos os cantos e recantos, transmitindo vídeos de boa música, a nível audível.

Mais ainda. Ali não se discriminam, nem se patrulham, apreciadores de charutos, como está acontecendo na Paulicéia na qual, tutores das vontades alheias, em seu desvairado puritanismo, usam da máquina pública, para se arvorarem em salvadores da humanidade. Fazem-me evocar os fiscais do Sarney, que davam tudo para encontrar uma coca-cola mais cara e poderem aparecer na TV.

Ando com pena dos paulistas que, nos finais de tarde, estão sendo proibidos de estar num bom bar, num bom papo, desfrutando um bom charuto, sem que ninguém torça o nariz ou vire a cara e, o que é pior, correndo o risco de serem moralmente intimidados pelos guardiões da saúde, fiscais que com seus coletes lembram agentes da Polícia Federal. Aí me indago, por qual a razão que não dão um pulinho até a cracolândia? Do jeito que estão sendo postas as coisas, aqueles como eu, que não abrirão mão do direito de fumar bebendo um drinque, acabarão virando caso de polícia.

Ando com pena dos meus amigos paulistas, farejando lugares onde, nos finais de um dia atribulado, possam associar álcool e tabaco. Duas das úteis inutilidades que nos fazem, quando as apreciamos, nos sentirmos gente, equilibrando a eterna dicotomia com a qual se debate o ser humano.

Yes! Nós temos shopping! Sem placas proibitivas e sem fiscais, na mais importante cidade produtora de charutos do Brasil.

É onde me encontro agora, ante um friozinho nordestino, relaxando, escrevendo, bebendo e desfrutando meu charuto companheiro. Fumaças ao ar!

Paulistas, apreciadores dos charutos, bebedores! Correi! Vinde para São Gonçalo dos Campos enquanto é tempo. Enquanto não tentem também provar, estatisticamente, ser a fumaça dos charutos uma das causas do efeito estufa.

5 comentários:

Sandra Fayad disse...

É verdade, amigo Hugo. Um shopping, mesmo pequeno, quando chega, traz perdas nos acochegos embora aglomerem mais.
Parabéns pelas tuas belas crônicas.
Um grande abraço

Sandra Fayad
http://www.sandrafayad.prosaeverso.net/

Antônio Carlos Soares disse...

Bom dia Hugo !

Adorei suas histórias de menino em sua terra natal.

Lembro-me quando também ainda criança, ai em São Gonçalo, meu pai era conhecido como Mestre Antônio Soares da antiga Suerdíeck, armazém de fumo.

Jutamente com o Sr . Otaviano e o Sr . Zé Fonsêca, também ele tinha em sua pequena propriedade conhecida como Fazenda Cedro ai logo na curva do açucar como ficou
conhecida, tínhamos plantaçôes de milho, amendoim, mandioca, feijão e também melâncias,onde eu e meus irmãos mais velhos, usavamos uma faquinha, furavamos as mesmas
em pequenos quadrados na parte de baixo em que se chamava de "barriga" ou seja; era o lado que ficava no solo, para verificar se as mesmas estavam maduras. Se confirmado,
arrancavamos se não, era só clocar o tampãozinho novamente, e viravamos pro lado correto. Só que com essa façanha, as mesmas acabavam apodrecendo. E ai, sobrava a culpa para aqueles que entravam na plantação sem serem convidados. E lembrando que a principal plantação dele era o "FUMO" o qual, você demonstra ser bem conhecedor.
E por falar em meu pai, quem conheceu ele bastante foi: Vavá Fonsêca de quem ele era compadre, Sr. Mário de Aurélio, Sr.Paulo Barreiro e outros. Aliás ele era muito querido e conhecido por todos.

Um abraço Hugo!
Até a próxima Oportunidade.

Antônio Carlos Soares

Eugenio disse...

Parece que essa lei anti-fumo vai pegar aqui no Rio também.

Beijo do filho,
Eugenio
euclaro@gmail.com

Rosangela Peixoto disse...

é verdade amigo,mesmo não sendo uma simpatizante do charuto,acho que todos tem o direito de escolha como se deve ou não fazer o seu relaxamento.Acredito que medidas de proibição são coisas do tempo da ditadura, prefiro a palavra CONSCIENTIZAÇÃO,respeito o fumante e o não fumante, ai cabe eles decidirem a melhor forma de soltar suas belas baforadas

Asa Filho disse...

Efeito Estufa,

São Gonçalo ainda está como o Rio de Tom Jobim. Charutos e versos no guardanapo do bar.

Parabéns.

Asa Filho.


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