sexta-feira, 31 de julho de 2009

FM 307 - Meditando

Em termos de marketing é um dos maiores símbolos. Tal sua força em meio mundo que, se fosse cotado nas bolsas de valores da vida, ocuparia o primeiro lugar. Falo da Cruz. Presença obrigatória em lugares aculturados pelo cristianismo, como em nosso país tropical, a encontramos em praças, lares, repartições públicas, escolas, peitos e pescoços. Sua presença foi maior no passado. Quando o Estado Brasileiro passou a ser laico, não mais tendo religião oficial, em muitas escolas e espaços públicos, ela foi abolida. Aqui na minha São Gonçalo dos Campos, não mais está nas paredes do plenário da Câmara de Vereadores, há algum tempo, a pedido de um edil, baseado na lei e aprovado por unanimidade. As vozes católicas locais silenciaram. Eu devo confessar, fui um dos que, naquela oportunidade, não ficaram satisfeitos.

Mesmo assim, continua exposta em muitos espaços da vida cidadã, tais como no STF, por exemplo. Nada contra. Por quê? Porque tendo sido formado numa educação religiosamente dirigida, me vejo hoje a dispensar parte de meu tempo, em reflexões existenciais. São aquelas reflexões que acometem os seres pensantes, afligindo a mente humana mais madura, ao me questionar sobre a “parte que nos cabe neste latifúndio”.

Que me relevem os leitores com distintas opiniões, pois cada vida é um viajar, mas com meus botões e meus charutos, estou sendo levado a inferir que, ante à impossibilidade real de respostas aos auto-questionamentos, o homem tem recorrido desde os primórdios, ao conforto das religiões. Sempre querendo desatar o nó górdio - o nó que não pode desatar - de uma eternidade que não domina, não se conforma abrindo espaço para re-ligações com a vida antes e após morte. Ora, se atinarmos ao fato da palavra religião derivar-se de re-ligação...

Aí, de um lado encontro explicações sobre fenômenos que não entendemos e do outro consolo, seja para as mazelas da humanidade, seja como resposta ao ignoto futuro. Há vida após a morte? Ótimo! Mas, se não houver? Também não muda nada. Tanto faz sermos católicos, evangélicos, umbandistas, espíritas, maometanos etc. Incluo também os agnósticos na relação. Somos eternos. Sim, somos eternos, em razão de nascermos, crescermos e nos multiplicarmos.

Depois da tradução do DNA conclui que, realmente, nos eternizamos pela reprodução.

No DNA estão presentes nossos ancestrais que habitavam cavernas, o H. Sapiens, o H. Habilis, o Australophitecus, os antropófagos que devoravam inimigos, os grandes talentos da raça humana, o sangue de Adão e o de Caim, tudo, mas tudo mesmo, está encravado em nossos genes. E eles estão aqui, correndo em nossas veias, vivíssimos. Ora se manifestando no homem lobo do homem, ora se revelando via genialidades indiscutíveis.

Por isso, meditando com meus charutos, aos poucos, apesar da força dos símbolos e seus méritos, vou me despedindo das preocupações filosófico-existenciais.

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